terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mariana e Martín.


Eu sou fascinada por filmes que falam da vida real. Pelo filmes que podiam ser a sua vida ou de seus conhecidos. Medianeras é assim. A história de Mariana e Martín contada de uma forma bela e realística. 

O filme se passa em Buenos Aires, onde dois solitários vivem suas vidas normalmente, mas também procuram companhias para suas noites e dias. A narrativa é diferente e se passa em uma Buenos Aires fora do Caminito e dos salões de tango, mas dentro dos edifícios. 

Com um humor inteligente Medianeras te apresentar a história de Mariana e Martín, que vivem na cidade grande, rodeados por milhares de pessoas, mas sozinhos em seus interiores. 

E no fim, pra quem não desistir: True Love will find you. In the end. 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Invisível




As vantagens de ser invisível é o filme mais sensível que eu vi nos últimos tempos. Sem ser piegas e com momentos divertidos o filme conta a vida de Charlie, um garoto que parece não se encaixar no seu ambiente, mas que nos faz torcer para que tudo dê certo o tempo todo. O filme fala de relações de amizade, ódio e amor, mas acima de tudo fala de empatia. 

A forma como a história é contada é tão profunda e ao mesmo tempo simples, que não quero entrar em detalhes por aqui. Só espero que você se dê a chance de assistir esse filme, curtir a trilha sonora e pensar em quantos "Charlies" passaram pela sua vida sem que você percebesse. E será mesmo que existem vantagens em se sentir invisível? Acho que não, pois a menina de Charlie já dizia: "Você não pode colocar a vida de todo mundo na frente da sua e achar que isso conta como amor."

O filme foi originado de um livro, que tem o mesmo título, ou The Perks of Being a Wallflower, em inglês e só me deixou com mais vontade de ler o livro e pensar mais sobre as angústias e alegrias de Charlie e seus amigos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A nova música brasileira.


Já tem um tempo que andava preocupada com a idade dos meus artistas preferidos e me perguntava em quais shows eu iria daqui uns anos (considerando que a ordem natural da vida acontecerá e vou morrer depois deles), mas tenho encontrado tantos novos artistas bons que essa não é mais uma preocupação. Claro, que o mundo sem Chico, Caetano, Bethania, Ney, Milton e tantos outros dessa geração perderá um pouco de brilho, mas não há nada o que possamos fazer para impedir a única coisa certa dessa vida, portanto nos resta nos alegrarmos com o tanto de coisa boa que essa turma fez na sua passagem por esse mundo.

E quem tá fazendo coisa boa também é o Filipe Catto. O gaúcho já está na estrada há alguns anos - lançou seu primeiro CD, Fôlego, em 2011, mas só o conheci recentemente e ele ganhou meu coração com sua versão de Vinte e Poucos Anos, gravada originalmente pelo Fábio Júnior. Desde então cada música ouvida era uma nova boa surpresa. Dois perdidos e Com a Roupa do corpo estão no topo da minha lista. 

Pois bem, apaixonada pela voz do rapaz fui conferir a performance ao vivo e saí ainda mais surpreendida. Além de cantar muito e ficar totalmente à vontade no palco, Filipe é super simpático, conversa com o público, conta algumas histórias engraçadas e apresenta músicas que não foram gravadas nos CDs, como essa linda versão de Paloma Negra. No show Tomada, Filipe se apresenta com uma banda de 4 integrantes e ganhou ainda mais minha admiração quando entrei e percebi que metade de sua banda é composta por mulheres. É... Filipe, não parou de surpreender. 



segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Precisamos falar sobre o preconceito racial

Ando muito interessada no tema racial. E tenho pesquisado muito sobre o tema e tentado aumentar minha empatia. Empatia, que quer dizer, colocar-se no lugar dos outros. E esse texto aqui, pra mim, é o mais sensacional já escrito sobre o assunto. Visto que me colocar, literalmente, no lugar dos outros nesse caso é algo impossível, toda a minha pesquisa vem de leituras, filmes e do interesse em ouvir da vida e dos sentimentos de pessoas que sofrem preconceito racial.
Americanah foi o primeiro livro que me ajudou a pensar sobre isso e me apresentou tantos outros cenários nos quais eu nunca tinha pensado. O livro narra a história de uma nigeriana que foi viver nos EUA e todas as suas percepções do racismo na sociedade americana. Eu nunca tinha olha por essa perspectiva e reconhecia os negros saindo da África apenas no período da escravidão. Mas imaginem hoje, negros bem sucedidos e reconhecidos em seus países que saem de lá para turismo ou negócios e são discriminados em outros lugares. Pessoas, que normalmente não se sentem diferentes mudam de continente e enfrentam uma realidade antiga e comportamentos de anos atrás. Reconhecer que eu nunca tinha penado sobre isso me fez perceber como a minha visão sobre o assunto era míope.
Acontece que Ifemelu - a personagem principal do livro - fugiu da crise Nigeriana para os EUA e lá a vida não foi sempre fácil. Seus primeiros dias ali me fizeram chorar e até aquele momento os fatos eram independentes da questão racial, porém mais condicionados à sua econômica, de extrema pobreza. Chorei e depois tive muita raiva das escolhas que ela fez, da sua fraqueza e do seu orgulho besta. Mas a bondade de alguém fez as coisas melhorarem e a vida de Ifemelu foi entrando nos eixos, até que ela criou um blog onde narrava acontecimentos reais e emitia opiniões sobre os casos do cotidiano. O blog (com o maior nome que já vi na vida) ficou famoso e passou a ser o sustento da garota.
O livro não tráz uma discussão profunda, mas leva o assunto à tona e gera reflexões. Além disso ele me deu a maior indicação dos últimos tempos: a biografia de Barack Obama. E eu, que já admirava seu carisma e sua espontaneidade passei, talvez, a enxergá-lo também como um ser humano normal, cheio de questões. Entender suas angústias e seus dilemas que afloraram desde a infância, onde cresceu sendo o único negro de uma família branca, em uma época onde os EUA ainda viviam os resquícios da dura segregação racial norte x sul, sua luta por entender suas origens africanas e sua família queniana, da parte de um pai que ele mal conheceu, nos aproxima desse ser humano. Obama falou sobre tudo isso e narrou com sinceridade e beleza momentos marcantes de sua vida. Fiquei me perguntando se ele teria escrito um livro tão sincero se, naquela época, pudesse imaginar que um dia seria presidente. Mas ele escreveu e todos deviam ler, com o objetivo de aumentarem sua empatia pela causa e pelas pessoas que sofrem preconceitos raciais. 
O que mais aprendi lendo esses dois livros é que precisamos discutir o preconceito racial e que muito ainda precisa ser feito para reparar os danos de anos atrás, quando negros eram tratados como escravos e mesmo após serem libertados não tinham condições de se manterem e garantirem uma boa estrutura para suas famílias. Reconheci que esse assunto ainda é velado e que precisamos discutir mais e buscar os motivos pelos quais crianças se tornam adultos preconceituosos. Reafirmei que nós precisamos nos misturar de verdade e conhecer uns aos outros na sua essência, nos seus dramas e ansiedades. Um país, que recentemente, viveu casos públicos, como os xingamentos a jogadores de futebol, jornalistas e artistas não pode se abster de falar do assunto. Os formadores de opinião deviam estar discutindo o preconceito com mais frequência e colocando o assunto em diversas pautas infantis, para que nossas crianças se transformem em adultos melhores que seus pais e não mantenham seus preconceitos. Para que os negros tenham as mesmas oportunidades que os brancos e possam ser qualquer coisa que desejarem, com a atriz americana, Viola Davis, bem lembra nesse vídeo aqui. Nesse quesito, os EUA, que há poucos anos atrás viviam um preconceito escancarado e toleravam atitudes absurdas, como a obrigatoriedade de um negro ter que ceder seu lugar no ônibus a um branco, ainda está anos luz na nossa frente. Enquanto sou capaz de listar mais de dez negros influentes na América, no Brasil, consigo pensar em dois, talvez três e alguns outros que sempre estão a fazer papéis de escravos nas novelas de época. Ainda assim muitos ousam dizer que somos um país sem preconceito racial e é por isso que precisamos falar sobre o assunto.

Em tempo:

Uma lista de filmes imperdíveis sobre o tema:

Doze anos de escravidão
The Help (Histórias Cruzadas)
Nina Simone (documentário do netflix)


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Leonard, eu te amo!


Tenho um novo melhor amigo. E nunca o vi pessoalmente. Leonard Mlodinow é o autor de O Andar do Bêbado, sobre o qual já escrevi aqui. Sua outra obra, Subliminar (que quer dizer: o que não ultrapassa o limiar da consciência), é o assunto desse post. Pela segunda vez o autor parece ouvir várias de minhas angústias e questionamentos e explica muitas coisas sobre as quais eu já pensei e questionei um dia, o que me faz querer conversar com ele horas a fio. Parece que o cara tem resposta para tudo. 

Nesse livro Leonard responde sobre a influência do inconsciente em nossas vidas e mantém o seu vocabulário fácil, a mania de listar experimentos e situações da sua vida real familiar para provar as teorias que apresenta. Como Stephen Hawking analisa, Mlodinow torna a ciência acessível e divertida.

O tipo de teoria que ele apresenta em Subliminar explica, por exemplo, como tomamos decisões padronizadas, mas sem qualquer razão lógica. Uma delas é apresentada na pesquisa que mostra, nos EUA, como pessoas tem maior propensão a se casar com quem tem o sobrenome igual. Na média 50% a mais de vezes. Ironicamente, o coração tem razões que a própria razão desconhece, como o autor bem lembra no início do capítulo 1 (O novo inconsciente). 

Enquanto em vários capítulos eu comprovei coisas que já sentia, no capítulo 3 (Lembrança e esquecimento) eu precisei rever todos os meus conceitos. Basicamente, em alguma parte do capítulo cheguei a achar que todas as minhas lembranças são invenções do meu inconsciente e minha memória pode estar me pregando várias peças. Discutir sobre quem estava certo sobre determinas lembrança era algo que eu fazia com certeza e do qual ainda não consegui me livrar completamente, mas as pesquisas apresentadas mostram que nossa memória nunca é tão boa quanto parece. 

Por outro lado, o capítulo 5 (A importância de ser social) me ajudou a discutir sobre algo que sempre senti, mas nunca fui capaz de elucidar: como as interações sociais são importantes em nossas vidas. Durante um tempo achei que essa era uma característica minha, que tenho uma alta frequência afetiva (que é explicada aqui), mas Subliminar mostra que essa é uma necessidade de todo ser humano, mesmo que ele não a perceba. É comprovado que dores sociais são capazes de gerar dores físicas nas pessoas e que podem, inclusive, ser aplacadas por analgésicos. Em resumo: a falta de interações sociais pode até influenciar negativamente nossa saúde e gerar inúmeras consequências. Tomar um Tylenol ajudaria a curar a consequência, mas como boa engenheira de produção que tento ser, o método mais assertivo para resolver o problema seria atacar a causa raiz, ou seja: resolver o problema criando interações sociais para você mesmo. Frequentar uma aula em conjunto, um grupo de estudos ou um trabalho voluntário é mais eficaz e traz maiores benefícios que entupir-se de analgésicos. por isso toda vez que você resolver ficar acomodado em casa, com preguiça de encontrar pessoas, lembre-se das palavras de Leonard: "As ligações sociais são um aspecto tão básico da experiência humana que sofremos quando somos privados delas." E lembre-se que, nas medidas corretas, precisar de interações sociais, precisar pertencer a um grupo, não significa carência, mas é apenas uma das características que nos fazem humanos.

E por falar em grupos, esse tema também é abordado no livro. O capítulo 8 (In-groups e out-groups) discute como todos nós pertencemos a muitos grupos e como essa relação afeta nossa vida. Ele mostra como o fato de eu ser mulher, engenheira, brasileira e não fumante são características que me colocam dentro ou fora de determinados grupos e como isso pode ser usado a favor ou contra mim, a depender da referência. E por isso, às vezes fazemos coisas (inconscientemente ou não) para nos sentirmos partes de alguns grupos. O autor da um exemplo próprio, sobre como fumar um charuto esporadicamente tem um papel diferente no seu pertencimento aos grupo. De um lado o coloca nos grupos de físicos que gostavam de charutos, como Einstein, e isso o faz bem, mas por outro lado o coloca no grupo de fumantes lembrando aqueles que sofreram de doenças pulmonares, o que não é bom. A escolha de sobre qual perspectiva olhar é nossa e muitas vezes pode afetar nossa decisão sobre como agir ou sobre qual caraterística revelar. Esse assunto logo me lembra um episódio de Friends, no qual a Rachel conclui que ela era a única pessoa do trabalho que não fumava e portanto não fazia parte daquele grupo e das "reuniõezinhas" no fumódromo da firma. Diante disso sua primeira reação foi começar a fumar e claro que, com o jeito Rachel de ser, ela não se saiu bem atrapalhada na ação. 

Mas tem coisas que não podemos mudar, como por exemplo, o lugar onde nascemos. Recentemente identifiquei como o estado em que nasci me conectou a in-groups após uma mudança de cidade. São Paulo é cheia de mineiros e além de me sentir mais próxima de casa toda vez que encontro um, da conversa fluir facilmente e de uma afinidade nascer quase que instantaneamente até então tenho percebido que esse grupo é tido como um grupo de pessoas legais, o que facilita a aproximação inclusive com grupos de não mineiros. Funciona mais ou menos assim: "Você é mineira? Pão de queijo, cachaça, gente boa... senta aqui e vamos conversar porque você deve ser muito legal." Mesmo sabendo que em Minas não tem só gente legal, me conforta fazer parte desse in-group e com certeza isso facilita minha vida. Se eu fosse uma carioca na cidade de São Paulo, talvez tivesse uma maior dificuldade de inserção. E esse assunto sobre como generalizamos e classificamos os grupos, é discutido no capítulo 7 (Classificação de pessoas e coisas).

A política é um dos momentos onde o inconsciente se manifesta várias vezes e talvez o que mais devesse nos preocupar, ao entender que estamos deixando uma escolha tão importante para a parte não lógica da nossa mente. A partir do momento que pessoas escolhem outras pessoas como representantes vários fatores são levados em consideração e (infelizmente) é provado que um deles é a aparência. No capítulo 6 (Julgando as pessoas pela cara), o autor mostra como a aparência de um candidato pode influenciar a escolha dos eleitores. E por aparência, nesse caso, entende-se algo mais sutil que a beleza, como o próprio autor diz, é referente a um ar de inteligência, sofisticação e competência. Nesse caso, a pesquisa e as palavras do Leonard só provaram algo que pude verificar nas últimas eleições, ao ver a grande quantidade de pessoas que, por exemplo, alegavam não votar na candidata Marina Silva devido à sua aparência. É surpreendente verificar que mesmo sem fazer nenhum sentido lógico muitas pessoas ainda utilizam o que o autor chama de "modo primitivo" para fazer suas escolhas. A esperança é que ao identificar isso percebamos a situação e passemos a utilizar de fatores diferentes, não deixando nosso inconsciente nos guiar nessas situações e esse é apenas um exemplo de situações nas quais deveríamos criar essa consciência. 

O prefácio do livro diz que: "Se você quer entender o mundo social, se quer mesmo entender a si mesmo e aos outros, e além disso deseja ser capaz de superar muitos obstáculos que o impedem de viver uma vida plena e mais rica, você precisa entender a influência do mundo subliminar que se esconde em cada um de nós." É uma promessa e tanto e confesso que aprender e pensar sobre todos esses aspectos me ajudou a entender melhor as pessoas, a mim mesma e nossos comportamentos, ficando assim, menos difícil alterá-los. 

Em tempo: para quem quer saber mais. um bate papo sobre o livro, com o próprio autor;