terça-feira, 7 de outubro de 2014

Eu, você e Frances Ha

Frances Ha é um filme sobre uma vida normal. É aquele filme que você assiste e pensa que sua vida também poderia virar um filme, o que é espetacular! Me incomodou um pouco o fato dele ser em preto e branco e até agora não entendi o propósito dessa decisão, mas esse é um fato que não pesa, até porque gosto de dar lugar ao diferente. O filme relata a vida de Frances, uma menina, aparentemente vinda de uma família com boas condições financeiras, que foi tentar a vida como dançarina em Nova Iorque. Mas Frances não é exatamente o talento em pessoa, ela é o que eu chamaria de uma pessoa diferente e por isso me simpatizei tanto com ela. Se Frances realmente existisse em minha vida, provavelmente não seríamos as melhores amigas, porque eu ainda não sei me relacionar intimamente com pessoas tão diferentes. Esse é um processo que ainda estou iniciando, mas eu ainda teria um grande carinho por ela, principalmente por ela ser autêntica, mesmo sem ser forçar a ser. 
Frances é uma "compreensiva", daquelas que se magoa por algo que a melhor amiga fez, mas continua a amá-la, sem nem pestanejar. Frances às vezes nos faz sentir vergonha alheia quando participa de jantares onde não tem intimidade com os convidados, mas também me faz pensar se não seria bom ser assim: totalmente desligada do que os outros vão pensar ou das convenções formais. Ela é assim: parece não ter muita lógica na vida, parece não viver analisando as situações, parece apenas viver. Ela não faz contas, por isso não conta com o inesperado. Não se desespera em arrumar um namorado, nem fica com o melhor amigo para suprir a carência. E nessa decisão não parece haver mil teorias escondidas, apenas a falta de vontade. Talvez essa seja sua principal característica: Frances é uma mulher de vontades. Não vontades de alguém caprichoso e egoísta, mas vontades simples. Sua solidão, em alguns momentos, me deu pena e as decisões difíceis que ela precisou tomar na vida me fizeram sentir uma enorme empatia. Sentimento de qualquer um que já precisou fazer uma escolha difícil um dia, ou de alguém que sabe como pode ser chato viver sem um sonho. Frances tinha um sonho, mas precisou abrir mão dele. Ainda assim ela seguiu e seguiu adaptando suas vontades e pareceu ser feliz. A vida de Frances poderia ser a minha, a sua, a de qualquer um que tenha vontades. Com vocês, Frances Ha.

Fonte: site Folha de São Paulo