quarta-feira, 7 de maio de 2014

A vida dos outros



Sabe aqueles filmes que acabam e você fica uns minutos paralisada pensando sobre ele? Assim é A Vida dos Outros.  E no meu caso foram bem mais que alguns minutos. fiquei dias pensando sobre o filme e em como ele é forte.
Passando-se na Alemanha, quando dividida entre oriental e ocidental, o filme retrata um investigador (Wiesler) que está espionando a vida de um casal, já que o governo julga que eles deviam ser espionados, por talvez serem contra o regime, o que era inadmissível naquela época. No decorrer da investigação a vida do casal começa a impactar na vida do próprio investigador e alterar suas perspectivas.
Parece que Wiesler nunca tinha visto as outras opções, nunca tinha percebido a vida além de suas convicções e que as pessoas que não concordavam com o regime que ele seguia poderiam ser boas pessoas. Acredito que foi o amor daquele casal que alterou as perspectivas de Wiesler, foi a relação sofrida, mas ao mesmo tempo altruísta. Foi a capacidade de perdoar e de questionar. Foi a capacidade de amar que lhe mostrou um novo caminho além da opressão e da punição. 
O desenrolar do filme me fez lembrar de Hannah Arendt. A filósofa alemã que escreveu sobre a banalidade do mal. Quando ouvi o argumento pelo primeira vez achei que era impossível o que ela dizia, mas A vida dos Outros me fez perceber que talvez seja sim possível que pessoas que cometeram grandes males por seus superiores na verdade não entendessem o que estavam fazendo. Após ver as mudanças que aconteceram na vida de Wiesler e no seu comportamento acho que entendi o que Hannah queria dizer. Uma pessoa que antes fazia tudo pelo seu governo, punia pessoas que não concordavam com o regime e era implacável com "traidores"  foi capaz de mudar quando conheceu outras pessoas e acompanhou de perto suas vidas. Wiesler até então não conhecia outra verdade, apenas a sua, aquela que seus superiores lhe ofereciam. E o que ele queria era fazer um bom trabalho. O casal espionado abriu seus olhos e lhe mostrou uma nova opção. Uma alternativa que Wiesler preferiu e abraçou, até mesmo em detrimento da sua profissão.