quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A Justiça, por Michael Sandel


Meu livro do ano é esse aí: Justiça. E digo do ano porque vergonhosamente, foi a única leitura que iniciei (e ainda não terminei), após a trilogia dos 50 tons, lida durante as férias de janeiro.



Conheci o autor, Michael Sandel, durante uma palestra que assisti em São Paulo. Professor de Harvard, Michael tem, sem dúvida alguma, o dom da oratória. Deixou mais de 500 jovens entusiasmados e loucos para participar. E mesmo sendo um evento logo após o almoço, em um dia quente da capital paulista, não havia sequer uma pessoa cochilando. Seu estilo consiste em apresentar um tema, geralmente controverso e perguntar a opinião da platéia. que levanta as mãos divindo-se entre aqueles que concordam o exposto e os que não.  Depois Michael pede que uma pessoa de cada grupo explique suas razões. Pronto: a lição está dada. A partir das explicações Michael vai puxando o novelo e nos fazendo pensar e colocando mais e mais questões... Seu objetivo não é trazer respostas, mas sim perguntas, tais como: você acha que é certo ter ingressos que permitam furar filas em parques de diversões? Você concorda com a prática realizada pelos cambistas? No fim seu objetivo era discutir a sociedade em que estamos vivendo onde tudo tem um preço.

E seu livro não é diferente. Em Justiça Michael trata sobre as diversas maneiras como a justiça, a ética e os valores são interpretados e ilustra com várias situações (a maioria real) onde as diferentes formas aparecem. Aqui vou contar apenas uma, provavelmente com alguns detalhes errados, mas a essência correta:

Durante a busca por Osama Bin Laden 4 soldados estavam escondidos atrás de um colina no Afeganistão, avaliando um acampamento, quando surgiram dois pastores trazendo suas ovelhas. Diante daquela situação os soldados tinham duas opções: deixá-los partir e continuar suas jornada ou matá-los (considerando que se partissem o esconderijo dos soldados corria perigo). O texto deixa bem claro que não havia um terceira opção, como deixá-los presos durante um período de tempo. Após muito discutirem, um voto em favor de deixá-los partir, um para matá-los e um abstenção coube ao comandante decidir o destino dos dois pastores e ele optou por deixá-los ir. Acontece que horas depois os 4 soldados se viram cercados por homens armados e uma sangrenta batalha começou. Durante a batalha 3 morreram e um helicóptero que tentava resgatá-los também foi abatido, resultando na morte de outros 16 soldados. O único sobrevivente foi o comandante da missão (que havia decidido o destino). Após o desencadear dos fatos o comandante só tem uma certeza: de que tomou a decisão errada ao liberar os pastores e que se um caso semelhante acontecesse novamente ele não hesitaria em matar os civis.

E então, como mensuramos o valor da vida humana? As 19 vidas perdidas valiam mais que as vidas dos 2 pastores? É justo matar pessoas inocentes? Quais parâmetors são considerados para tomar uma decisão como essa? Frustrante ou não o livro não dá essas respostas, mas te convida a pensar e pensar é necessário.

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